No mês de setembro, um dos principais bairros da Zona Sul de Porto Alegre ganhou notoriedade pela polêmica envolvendo seu nome. Com uma história única, o bairro Tristeza tem, por mais de dois séculos, encantando quem visita ou mora no bairro.
A historiadora Janete Machado, que leciona na escola Vila Monte Cristo e se dedica a pesquisar a história dos bairros de Porto Alegre, explica que o nome do bairro surgiu de forma curiosa: “A Tristeza deve seu nome ao fazendeiro José da Silva Guimarães. O Fazendeiro fixou moradia na área onde hoje se encontra o bairro Vila Conceição. Ele tornou- se conhecido pelo apelido de Juca Tristeza pelo fato de ter perdido dois filhos”. Janete conta que, quando nasceu o terceiro filho, uma menina, em 1817, ele registrou com o nome de Senhorinha Tristeza e, a partir daí, todos ficaram conhecidos como a Família Tristeza. Quando Guimarães faleceu, o local tornou-se a fazenda do finado Tristeza.
O bairro começou a ganhar vida em torno de 1870, quando os primeiros assentamentos de colonos italianos, que se dedicavam essencialmente a agricultura, surgiram. “Mais tarde vieram os alemães, junto com o trem que chegou ao arrabalde no final do século 19”, comenta a historiadora.
A Tristeza também se tornou conhecida por ser o lar de figuras ilustres. Quem anda pelos parques, condomínios e ruas do bairro Tristeza pode até não saber, mas está passando exatamente por locais nos quais Getúlio Vargas, João Goulart, Loureiro da Silva e Oswaldo Aranha costumavam passar. “Eles gostavam muito de veranear por aqui. Possuíam confortáveis chalés à beira do rio, lugar onde aconteciam também importantes reuniões políticas e de negócios. Uma delas ficou muito conhecida que foi o plano articulador para a Revolução de 30”. Janete lembra, ainda, a fala do historiador e jornalista Juremir Machado, segundo qual “o universo de Oswaldo Aranha, negociador habilidoso da Revolução de 30, passava por uma chácara na Tristeza”
Nas últimas décadas, o bairro tem se tornado cada vez mais comercial, atraindo a atenção de novos moradores e empreendimentos imobiliários, interessados em explorar as belezas naturais do local e o caráter acolhedor de seus moradores.
“A hospitalidade, a história, a natureza e o ponto estratégico no mapa da cidade, o fato de ter tudo na volta, são as principais vantagens de morar por aqui”, assegura o funcionário público Juliano Garcia, cuja família está instalada no Tristeza há mais de 100 anos.
No entanto, Garcia relata que, apesar de todas as belezas do bairro, existe uma falta de segurança. “O aumento da criminalidade está em níveis absurdos”, lamenta. Com todos os problemas, como deixa claro Paulo Menezes “morar na Tristeza é uma alegria”.