Recém formada, a moradora da Zona Sul Sarah Coproscki Acosta decidiu falar de O Jornalecão como exemplo para o seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) para a graduação em Jornalismo. O TCC, intitulado “Jornalismo hiperlocal na zona sul de Porto Alegre – uma análise dos critérios de noticiabilidade de O Jornalecão”, teve orientação do professor Felipe Maciel Xavier Diniz e teve como base 23 manchetes retiradas das capas das edições de 2018 e 2019, identificando que o critério Proximidade é o fator mais determinante para as matérias publicadas e que o jornal é um exemplo de jornalismo hiperlocal, cujo conteúdo circunscreve-se aos interesses locais. Depois de repercutir tanto no nosso site quanto no nosso jornal impresso, o trabalho de Sarah Acosta sobre O Jornalecão também repercutiu dentro da Uniritter, faculdade na qual a nova jornalista estudou, com uma matéria falando sobre seu TCC, sua repercussão e uma breve entrevista com a autora.
Abaixo, destacamos algumas das questões respondidas por Sarah Acosta – para ler a entrevista na íntegra, acesse o link.
Como surgiu a ideia de pesquisar sobre jornalismo hiperlocal?
Sarah: Uma coisa foi levando a outra, porque eu sempre tive contato com o Jornalecão. A minha irmã era conhecida do dono, então desde criança eu tive um contato meio próximo. Quando eu tive que fazer o meu TCC, eu estava meio perdida, mas eu sabia que tinha que fazer alguma coisa com eles. Tanto que no meu projeto de TCC a ideia era outra. Eu tive aula com a Mariceia Benetti (aposentada em dezembro de 2020). Ela me sugeriu fazer um estudo de caso contando a história de O Jornalecão como se fosse uma pessoa, uma biografia. Essa foi a minha ideia principal. Conforme eu fui pesquisando sobre o que eu poderia incluir, esbarrei nos termos de jornalismo de bairro e jornalismo hiperlocal. Comecei a pensar como eu encaixaria o Jornalecão, porque eu senti a necessidade de classificar ele. Até então me parecia uma coisa muito estranha o funcionamento (do jornal), não era convencional, não parecia se encaixar em nada que eu tinha escutado falar. Eu não tinha ouvido falar em (jornalismo) hiperlocal ainda.
Em que sentido O Jornalecão não se encaixava?
Sarah: Na abrangência dele, porque ele alcança uma área muito grande de Porto Alegre, na abordagem e a linguagem que usa. Como eu posso explicar? Uma linguagem mais isenta que alcança boa parte de Porto Alegre e, ao mesmo tempo, eles se chamam de jornal de bairro. Acho que não deixam de ser um jornal de bairro, mas estão com um alcance um pouco maior se for comparar com outros jornais de bairro que tem na Capital. Até a diagramação dele é muito diferente do que a gente está acostumado, principalmente com mídia de massa. O que mais chama a atenção é a diagramação, aí depois eu fui olhar a linguagem deles, eles têm algumas coisas bem específicas. Outra coisa é que, pelo menos aqui (no bairro Ponta Grossa), eles têm dois ou três lugares de distribuição e o jornal chega em um dia, dois dias e depois acabou. Então existe uma sistemática diferente, tanto em aparência quanto em linguagem, mas que as pessoas buscam, vão atrás e querem ter. A gente está acostumado a ver esses jornaizinhos parados no mesmo lugar há tanto tempo, às vezes ficam um mês inteiro e ninguém pega e ele (O Jornalecão) acaba em dois dias. Eles chegaram a escrever uma matéria sobre o meu TCC e eu quase não achei o jornal pra pegar.
Exatamente sobre isso que eu quero te perguntar. Você viu que está na capa de O Jornalecão do mês de fevereiro? E até no site também tem uma notícia sobre o teu TCC. Como você se sentiu ao ser reconhecida pelo jornal?
Sarah: Ah, é incrível né?! Desde que eu comecei a fazer o TCC eu estive em diálogo com eles, porque a minha ideia inicial era outra. Era fazer o estudo de caso e eu precisaria manter contato. Eu tive o interesse de pedir a autorização do jornal para fazer o TCC, mesmo que não precisasse eu gostaria de ter a benção deles pra fazer o TCC. E eles sempre foram muito solícitos para o que eu precisasse. Se colocaram muito à disposição, criamos uma relação bem interessante. Na verdade, eles meio que já sabiam quem eu era por causa da minha irmã, mas não esperava que eles iam comprar tanto a ideia.
Você disse que O Jornalecão é bem diferente de outros jornais de bairro, por que você acha que ele é tão bem sucedido nos bairros em que é distribuído?
Sarah: Foi o que eu coloquei no meu TCC, bairros que nem o meu (Ponta Grossa, Belém Novo, Lami, Chapéu do Sol), que são o extremo sul de Porto Alegre, aparecem muito pouco na Zero Hora, no Correio do Povo, no Jornal do Almoço. É muito difícil. Quando a gente aparece é no Balanço Geral por causa de roubo (risos), um crime, alguma coisa que está ruim. O jornal mostra as situações negativas que acontecem aqui, mas ele traz muita coisa positiva pra cá. Eu acho que as pessoas precisam disso, ver que “poxa, o lugar que eu moro não é de todo ruim”. Eles colocam oportunidade de curso, mudanças de horário de lotação, de ônibus, serviços novos. É uma coisa que a gente não vai ver em outros tipos de mídia. E, principalmente, tem gente que não acessa a internet, tem muitas informações que estão ali e a gente descobre primeiro na internet, mas para o pessoal de mais idade é um jeito de se informar mais sobre a região.
Eles realmente prestam um serviço para população.
Sarah: Sim, é uma prestação de serviço.