Sempre existiram na história da humanidade mulheres lutando para derrubar o machismo e conquistar uma sociedade mais igualitária para todos. Em Porto Alegre, temos o exemplo de uma mulher desbravadora que é moradora da Zona Sul: Suzana Davis, reconhecida como a 1ª mulher a correr profissionalmente com cavalos na América Latina e a 2ª no mundo, abrindo caminho para que outras mulheres pudessem ingressar em mais uma profissão até então predominantemente masculina.
A joqueta mais famosa do Brasil
No início dos anos 70, quando começou a correr profissionalmente, com apenas 14 anos, Suzana tinha que disputar as provas contra homens, já que não havia outras mulheres competindo nos seus primeiros páreos (pois a única mulher que competia nesta época disputava provas nos Estados Unidos). Mas tudo mudou a partir do exemplo de Suzana, pois, após sua participação nas competições, outras mulheres se encorajaram e passaram a praticar o esporte profissionalmente, permitindo que houvesse, a partir de então, a disputa de provas exclusivamente femininas.
Ao longo de 11 anos correndo como profissional, Suzana disputou provas em 58 hipódromos de seis países (Argentina, Brasil, Chile, Peru, Uruguai e Venezuela) e conquistou mais de 800 vitórias. Com um profundo respeito pelos animais, Suzana buscava sentir e saber como os cavalos gostavam de ser conduzidos, fazendo com que eles retribuíssem sua boa vontade correndo mais. Nas lembranças que marcaram sua trajetória pioneira, Suzana recorda das vitórias ao longo de sua carreira evidenciando mais carinho pelos cavalos do que pelas premiações, destacando a égua Panela, com a qual ganhou todas as cinco provas que disputaram juntas, no Uruguai, e do cavalo Hulk, que, provavelmente por ter sofrido maus tratos, sempre empacava ou se jogava para cima quando era montado por homens. Com Suzana, em compensação, Hulk não só corria como, inclusive, ganhava corridas.
Suzana Davis também é starter e continua em atividade em Porto Alegre
Após sofrer algumas lesões e se tornar mãe de Melisa, Suzana optou por não mais montar profissionalmente, mas o amor pelos animais e pelo esporte fez com que a primeira joqueta brasileira não se afastasse dos cavalos e das pistas. Desde 1984, Suzana é starter (quem dá início às corridas) e quem quiser ainda pode vê-la em ação, todas as quintas-feiras, a partir das 15h, no Jockey Club do Rio Grande do Sul, no bairro Cristal, durante as provas de turfe, que tem entrada franca e oferecem mais uma ótima opção que a Zona Sul oferece a Porto Alegre.