Com mais de 5 mil casos de dengue, o ano de 2023 bateu todos os recordes em Porto Alegre, que registrou ainda três mortes pela doença, as primeiras na história da cidade. O receio é de que, em 2024, o número de casos seja ainda maior, favorecido pelas condições climáticas, que colaboram para a proliferação de mosquitos, entre eles, o Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue.
No 24 de fevereiro, o número de casos confirmados em Porto Alegre chegou a 302, mas, até esta data, o número de notificações suspeitas era de 3.838. O receio é de que, nos meses de março e abril, estes números cresçam rapidamente, visto que já há confirmação da doença em diversos bairros, de todas as regiões da cidade.
Esperando o melhor, mas se preparando para o pior dos cenários, a Secretaria Municipal de Saúde promoveu, no dia 28 de fevereiro, capacitação para técnicos de enfermagem da rede de atenção primária à saúde sobre a dengue, na qual foram abordados temas como contexto epidemiológico, manejo clínico da dengue e coleta de exames. Ao mesmo tempo, um dos objetivos é visitar o maior número de residências possível, com um esforço concentrado no dia 2 de março, com mais de cem agentes vistoriando milhares de residências e áreas públicas e removendo criadouros de mosquito em centenas de ruas da cidade, no Dia D contra a dengue, data da mobilização nacional na luta contra o Aedes aegypti.
Os esforços governamentais são muito importantes, mas é fundamental lembrar que cada cidadão deve fazer a sua parte, pelo bem de todos. Por isso, nunca é demais reforçar o que toda a população já sabe: a prevenção é o melhor remédio. Evitar acúmulo de água em vasos e outros recipientes é fundamental, pois bastam cinco dias para que a larva do mosquito se torne adulta e, com isso, possa picar seres humanos e outros animais. Cuidar do próprio pátio e dos arredores das residências não só é importante para manter a limpeza do local de moradia, como também para evitar que a proliferação deste mosquito que, além da dengue, também transmite outras doenças, como a chikungunya e a zika.
Proliferação de focos de lixo agrava a situação da dengue
O período de final de verão e início do outono já é, normalmente, de grande risco para a proliferação dos mosquitos e o aumento exponencial dos casos de dengue. Agora, imagine o risco quando aumenta também exponencialmente o número de recipientes que podem ficar cheios de água (onde os mosquitos podem se reproduzir).
Em 2024, um fator inesperado está influenciando muito nesta questão: o grande número de focos de descarte irregular de lixo, em diversas regiões da cidade. Em anos anteriores, o problema, que é cultural, vinha sendo controlado pelo trabalho intenso das equipes do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), em um grande esforço para coletar estes resíduos o mais rapidamente possível. Porém, desde 16 de janeiro, quando um dos maiores temporais da história de Porto Alegre atingiu a cidade, causando grandes prejuízos, o aumento dos focos de lixo ficou evidente, assim como o descaso de parte da população que, mesmo ciente das grandes dificuldades na coleta de lixo que a capital gaúcha vem enfrentando, segue descartando o lixo em locais indevidos. Enquanto o DMLU segue com sobrecarga no atendimento devido à demanda extra, exemplificada pelo recolhimento de galhos de árvores tombadas no temporal, e, por isso, não consegue realizar a coleta de resíduos descartados irregularmente com a mesma velocidade, parte dos porto-alegrenses segue descartando lixo, não só prejudicando a coleta na cidade, como aumentando o risco de epidemia de dengue em Porto Alegre.
Cinco cuidados que devemos ter contra a dengue
1 – É fundamental eliminar as áreas de reprodução do mosquito Aedes aegypti. Por isso, a importância de evitar acúmulo de lixo e de água parada (em pneus velhos, vasos de plantas, recipientes abandonados, etc).
2 – Evitar o contato com o mosquito, usando repelente contra insetos, vestindo roupas que reduzam a exposição aos mosquitos, instalando telas nas janelas e portas e utilizando mosquiteiros.
3 – Buscar atendimento médico se você ou alguém da sua família apresentar sintomas de dengue (febre alta, dores no corpo e erupções cutâneas) e jamais se automedicar, pois a combinação de certos remédios é perigosa em casos confirmados de dengue.
4 – Multiplicar as informações sobre as medidas de prevenção que devem ser tomadas.
5 – Colaborar com diretrizes e recomendações das autoridades locais de saúde para prevenir a propagação da dengue e contribuir com iniciativas de controle de vetores na comunidade.
Ervas aromáticas são aliadas na luta contra o mosquito
Algumas ervas possuem óleos essenciais que são desagradáveis para os insetos, e, quando plantadas em nossos jardins, perto de portas e janelas, ao serem movimentadas pela brisa, exalam um perfume que, para nós, é agradável, mas não para os mosquitos. Assim, além de embelezar e perfumar a nossa casa, também são nossas aliadas contra a dengue.
Todas elas gostam de sol e terra bem drenada e regas moderadas. Podem ser plantadas no pátio e também em vasos colocados próximos a janelas ensolaradas. Com elas, também podemos fazer sachês das flores e folhas secas e espalhar pela casa, ou ainda loções com álcool de cereais e água para usar como repelente.
Além de tudo isto, algumas delas podem ser usadas como tempero em nossa alimentação, ou em chás deliciosos e saudáveis.
Só temos bons motivos para plantarmos estas maravilhas da natureza em casa.