No dia 10 de maio (domingo), O Jornalecão completa 33 de anos de atividades, alguns dos quais com uma equipe totalmente formada por crianças de 9 e 11 anos de idade. Todos os anos contamos essa história, mas não cansamos de repetir: O Jornalecão nasceu, em 1987, como iniciativa de quatro crianças que queriam arrecadar dinheiro para transformar melhorar ainda mais o terreno baldio que transformaram em campo de futebol para poder jogar bola. Depois desse tempo todo, muita coisa mudou: o terreno do campinho deixou de ser baldio, as crianças atualmente nem brincam mais na rua, mas O Jornalecão nunca perdeu o caráter comunitário que sempre o inspirou, com dois dos quatro meninos que o fundaram, os irmãos Gustavo e Guilherme Cruz da Silveira, trabalhando no jornal até os dias de hoje, sempre com o apoio incondicional de seus pais, Adília e Valtor – fundamentais não apenas por incentivarem as crianças a fazer o jornal a existir, mas também por formarem e ajudarem os homens que o mantiveram. Depois, Jean Pico, cartunista, professor e autor infantil criador do Alan Bari e da Turma do Guaíba, também se integrou à equipe, sentindo e sendo tratado como parte da família. Mais de três décadas de atuação depois, O Jornalecão se consolidou como o jornal de bairro mais antigo da Zona Sul em circulação e um dos mais tradicionais de Porto Alegre, com sua história intimamente ligada às regiões e pessoas que sempre o acolheram. Nosso alcance sempre foi do tamanho que nossos braços e pernas aguentam, somando todos braços e pernas que se uniram à nossa trajetória: começamos com uma rua, passamos para um bairro, fomos chegando em outros, tendo como única receita nos sentirmos em casa, justamente porque sempre estamos entre vizinhos. Aliás, por falar em receita, nossa proximidade com os leitores é tanta que, possivelmente, podemos bater na porta uns dos outros para pedir uma xícara de açúcar!
Já nos foi dito, algumas vezes ao longo de nossa trajetória, que esse nome, O Jornalecão, era depreciativo e que deveria ser mudado porque dava a ideia de algo pequeno, que não deveria ser levado a sério. Mas, apesar de ter sido escolhido por crianças, ainda hoje esse nome nos parece traduzir bem a intenção original e primordial do jornal existir: ajudar quem está perto. Até mesmo para consertar o mundo é preciso começar por uma casa, por uma rua… Se isso é ser pequeno, então está bem, concordamos: somos O Jornalecão, um grande jornal pequeno!