O adeus ao mago da flauta

Quase 20 anos depois de conceder entrevista exclusiva a O Jornalecão,
o músico Plauto Cruz se despede do público que encantou com o som de sua flauta

 

Um dos maiores flautistas brasileiros, o gaúcho Plauto Cruz faleceu em 28 de julho, aos 87 anos, deixando uma lacuna na música instrumental do Rio Grande do Sul. Morador do bairro Camaquã, na Zona Sul de Porto Alegre, é um vizinho que deixará saudade. Amável, carismático e colaborativo, sempre soube fazer com que as pessoas o admirassem não só pela beleza de sua obra, mas também pela pureza de sua alma, que transmutava para o som de sua flauta, emocionando e encantando.

Nascido em São Jerônimo em 1929, demonstrou aptidão para a música desde muito cedo e, a partir de 1944, quando se mudou para Porto Alegre, começou a se apresentar em eventos e programas de rádio. A carreira de Plauto teve uma trajetória ascendente nas décadas seguintes, até ser reconhecido com o maior flautista gaúcho e um dos grandes do Brasil. Entre os diversos prêmios de reconhecimento recebidos, estão a Medalha Simão Lopes Neto. Também teve conquistas marcantes na histórica da música brasileira, como a vitória no 2º Festival de Choro, em Diadema (melhor música e melhor instrumentista do festival), e ajudou muitos iniciantes com suas aulas de teoria musical no Mauá.  

 

Paulo Santos, Rubens Santos e Plauto Cruz - Arquivo O Jornalecão

Plauto Cruz (à direita) também participou de uma apresentação épica no Encontro do Assinante O Jornalecão, em 10 de junho de 2000, festa que comemorava os 13 anos do jornal. Na ocasião, foi a atração principal do evento juntamente com o guitarrista Paulo Santos e o cantor Rubens Santos (ao centro), grande intérprete e parceiro de Lupicínio Rodrigues

 

Vinte anos de uma entrevista ao som da flauta de Plauto

Somente em 1997 o artista lançou seus primeiros CDs, em “Novos Tempos de Seresta” e “O mago da flauta”. Meses depois, em dezembro de 1997, Plauto Cruz concedeu entrevista exclusiva a O Jornalecão, falando um pouco sobre sua carreira e divulgando seus lançamentos, além de dar qualificar ainda mais a entrevista com o som de sua flauta entre as respostas.

 

 

Confira a seguir alguns trechos da entrevista de Plauto Cruz

(em Dezembro de 1997 –  publicada na edição Nº 72 de O Jornalecão)

 

Plauto Cruz, o flautista mágico

 

O Jornalecão: Ser o maior flautista do Rio Grande… Como encara esta marca?

Plauto Cruz: Olha, eu me sinto bem, porque tenho satisfação em fazer cada vez mais músicas para as pessoas que gostam de me ouvir, que me apreciam, que me dão valor. Então, procuro sempre agradá-los através da música. Eu gosto muito de música também. Então, eu me sinto sempre feliz quando estou tocando para os amigos.

 

O Jornalecão: O senhor é um dos maiores flautistas do mundo. Em sua visão, Plauto Cruz é reconhecido como deve pelo povo rio-grandense?

Plauto Cruz: Acho que sim, eu, agora, com 68 anos de idade, estou sendo mais agraciado, de repente até pela época. As pessoas me falam: Plautinho, você está no auge novamente. E aí são mais entrevistas e homenagens. É bom ouvir isso, cada vez mais dá força para a gente continuar.

 

O Jornalecão: O senhor vive exclusivamente da música?

Plauto Cruz: Sim, exclusivamente da música. Além disso, aqui no Mauá a gente tem salário também. Eu não me queixo, pois me sinto bem satisfeito de estar na área musical.

 

O Jornalecão: Após o lançamento dos dois CDs, quais são seus planos para o futuro?

Plauto Cruz: Sempre tocando e esperando sempre poder tocar, com a ajuda de Deus, nosso mestre lá de cima.