Faleceu no dia 6 de setembro, terça-feira, aos 81 anos de idade, aquele que foi uma das figuras mais emblemáticas e significativas de Porto Alegre, o artesão, colecionador de antiguidades e empresário de família de origem italiana Arthur Armando Guarisse. Entre as muitas atividades desempenhadas, como professor de história e taxista proprietário de uma frota de veículos, foi ao artesanato e às antiguidades que Guarisse dedicou a maior parte de sua vida, sendo o fundador do “Artesanato Guarisse”, empresa que ganhou destaque nacional e internacional e que ficava sediada no bairro Tristeza, onde hoje localiza-se a sede da Associação Gaúcha de Artes Integradas -AGAI, junto a outras três entidades que ocupam os prédios da antiga fábrica na Rua Landel de Moura, 430, atualmente propriedade do governo estadual, sob custódia da Secretaria Estadual de Cultura. Como Cidadão Emérito pela Câmara Municipal de Porto Alegre, Arthur Guarisse também foi agraciado com o título de Comendador por “seus dotes de dignidade, magnanimidade, criatividade e fraternidade humanas” com a “Comenda Giuseppe Garibaldi”, na cidade de São Paulo, como o único gaúcho a receber a distinção, além da homenagem recebida na Câmara de Comércio de Vicenza, na Itália, em reconhecimento ao seu trabalho à frente do empreendimento no Brasil.
Marcia Morales Salis, colunista de O Jornalecão há mais de dois anos, é também artesã e profunda admiradora e pesquisadora de toda cadeia produtiva do Artesanato e do trabalho dos artesãos, conviveu com Arthur Guarisse nos últimos anos devido à sua pesquisa sobre o “Artesanato Guarisse”, que deu origem ao Projeto Guarisse do qual faz parte também um livro que deverá ser publicado até final de outubro pela editora Libretos. Marcia afirma em sua rede social que, quando conversou com Arthur Guarisse, era recebida no seu escritório:”Um lugar ensolarado no alto do prédio em que ele residia no bairro Tristeza. Ali a gente conversava, ele ficava durante quase uma hora narrando o que tinha vivenciado e que sabia em detalhes, sem esquecer o nome de uma só pessoa. O que mais me impressionou desde que comecei a pesquisar sobre o Artesanato Guarisse, além das surpreendentes histórias contadas por Sr. Arthur a cada visita, foram as entrevistas e os encontros casuais que tive e ainda tenho com moradores ou pessoas que trabalharam ou tiveram alguma ligação com o Artesanato Guarisse. Todos, sem exceção, a seu modo, elogiavam o comportamento do Sr. Arthur Guarisse como chefe, patrão ou empreendedor que os tratava com muito respeito e valorização”.
Márcia, que é idealizadora e realizadora do Brique Ipanema, um projeto inspirado no Mercado das Pulgas criado por Arthur Guarisse na década de 1970 e que deu origem ao Brique da Redenção – hoje consolidado como patrimônio cultural não só da cidade, mas também do Estado do Rio Grande do Sul, admite que seu trabalho em prol da valorização do Artesanato e da ocupação positiva dos espaços públicos se inspira muito no legado deixado por Arthur Guarisse.
- Texto construído com a ajuda valorosa e inestimável de Marcia Morales, pesquisadora sobre o Artesanato Guarisse e o trabalho de Arthur Guarisse