Por Adília Cruz da Silveira
Existe, até hoje, três salseiros em frente à casa em que cresci, em frente à Avenida Guaíba, no bairro Guarujá. Não tenho ideia da idade que eles têm, mas para mim parece que sempre estiveram lá. Abria o portão e os salseiros estavam lá, como a primeira visão quando saia e voltava de casa todo dia, como três soldados vigilando a nossa saída e entrada. No verão, soltavam pequenas pluminhas brancas, que voavam pelo ar e levavam suas sementes para longe, atravessando a rua e caindo no nosso quintal e mesmo dentro de casa. Esse era o único momento em que eu me irritava com os salseiros, porque tinha que ficar limpando toda hora e, mesmo assim, logo já tinha outras pluminhas de novo.
O salseiro, também conhecido como salgueiro, pertence a um grande grupo de árvores de cerca de 400 espécies e possui várias denominações ao redor do mundo. É uma árvore conhecida há tanto tempo que possui, inclusive, citações na Bíblia. A casca do tronco do salseiro é usada na fabricação de analgésicos, fazendo parte, inclusive, da produção da popular aspirina – do seu nome latino (salgueiro-salix) deriva o nome do ácido acetilsalicílico.
Os salseiros têm os galhos delgados, muito finos e maleáveis – também conhecidos como vimes, podendo ser usados em cestaria -, e as folhas estreitas. Costumam nascer em solos úmidos, em áreas ribeirinhas. Por este motivo, existem vários salseiros na beira do Guaíba, pois é uma árvore pioneira e desbravadora, que, soltando suas sementes que ficam vagando aleatoriamente pelo ar, até encontrar um lugar adequado – geralmente lugares úmidos – para se desenvolver, podendo atingir de 10 a 12 metros de altura. Por sua adaptação a lugares alagados, os salseiros são indispensáveis em reflorestamentos mistos, destinados à recomposição de áreas ciliares degradadas.