Após 27 jovens (homens e mulheres) com prisão total na Fase (CSE e CASEF) e alunos da Escola Tom Jobim se debruçarem sobre a vida e obra de Iberê Camargo, foram produzidas 32 telas em acrílico, durante seis meses de oficinas de Artinclusão (projeto de profissionalização, geração de renda e cidadania a partir do fazer artístico, idealizado e executado por Aloizio Pedersen, que vai apresentá-lo no Encontro Nacional da CNTE – em 12, 13 e 14/8, em Brasília -, no II Seminário Internacional de Pesquisa em Prisão/ Petrópolis – em 29.8 -, na Associação de Psiquiatria/RS – em setembro -, e na Ufrgs – em novembro). As obras estarão em exposição na mostra “Iberê Camargo: Vidas Compartilhadas – Releituras”, no Memorial do Ministério Público – (Praça da Matriz, 110), com abertura marcada para 04/08, às 15h30, com a apresentação da “Iberê Fusion Didático” – prosa, poesia, música e artes plásticas, na qual dois ex-apenados da PEJ (Penitenciária Estadual do Jacuí) participam.
Como paralelos possíveis, Iberê, assim como os adolescentes, também também teve problemas com a lei quando, em 1980, matou um homem, chegando a ficar preso por um mês, até conseguir comprovar legítima defesa e ser solto. Através da arte, Iberê buscou suporte para desenvolver sua resiliência e, segundo a professora do Instituto de Artes da UFRGS, Mônica Zielinsky, sua obra passa a ter “opressiva dramaticidade… a solidão, o abandono e a morte… uma densa atmosfera narrativa“. Ao mesmo tempo em que permite expor as dificuldades, o trabalho permite que os jovens encontrem referências positivas, através do estudo sobre um artista nacional que foi reconhecido mundialmente pela profunda reflexão que suas pinturas traziam sobre a condição da vulnerabilidade humana. Estar dentro ou fora das grades físicas é uma circunstância, para Iberê somos todos prisioneiros de grades invisíveis, na busca de coisas aparentes, superficiais, materiais, do ter. O vazio existencial de seus “ciclistas”; suas “idiotas” esperam a morte; seus “carretéis” ficam disformes; em “fantasmagorias”, aponta as vísceras como essência; enfim, seus personagens compõe um mosaico de sua crítica pessoal e social. As releituras dos jovens são surpreendentes, algumas refugiando-se na cor, outras trazendo sangue na cruz, um carretel amordaçando uma boneca, uma ciclista grávida e tantos outros símbolos para nossa reflexão sobre como esses adolescentes enxergam a vida e sobre como auxiliá-los a se inserirem socialmente. Todas as obras poderão ser comercializadas, com renda integralmente direcionada aos seus autores.
Quando: de 04/08 a 31/08
Horário: das 8:30h às 18h.
Local: Memorial do Ministério Público – (Praça da Matriz, 110)
Entrada franca