Depois de anos com diversas tentativas de manter o atendimento do Hospital Parque Belém (HPB), a Associação Sanatório Parque Belém decidiu suspender as atividades da instituição, por tempo indeterminado, no dia 24 de maio. Nesta data, por conta das dificuldades financeiras, a ala psiquiátrica – a única que ainda permanecia aberta – foi fechada, com a consequente alta hospitalar ou transferência dos pacientes e a dispensa de cerca de 50 médicos, enfermeiros e técnicos que ainda permaneciam em atividade.
Objetivo de ser o pronto-socorro da Zona Sul nunca saiu do papel
Com a perda do Parque Belém, a população da Zona Sul de Porto Alegre fica em alerta quanto a possíveis dificuldades no atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), já que o número de vagas e de opções de hospital na região fica mais reduzido. Além disso, o encerramento das atividades do HPB, após 77 anos, é uma grande decepção para os moradores da região. O hospital chegou a contar, em seu auge, com um quadro de cerca de 500 funcionários e foi apontado, desde a década de 90, como local ideal para a instalação do tão sonhado pronto-socorro na Zona Sul, que nunca se constituiu efetivamente. Apesar da grande mobilização comunitária verificada no passado e alguns investimentos ao longo dos anos no Parque Belém para transformar o local em um “pronto-atendimento”, a maior parte das verbas necessárias ficou na promessa e o agravamento da situação da saúde pública, com redução de repasses e outros problemas, dificultou ainda mais que o sonho se realizasse.
Dificuldades aumentaram nos últimos cinco anos
A meta era passar a realizar o serviço de emergência no Hospital Parque Belém em 2012, com R$ 6 milhões em recursos municipais e federais, mas somente os 50% de responsabilidade do município foram repassados. No entanto, recursos escassos e problemas na gestão dificultaram o processo de modernização necessário para prestar atendimento emergencial. Posteriormente, o fim do convênio com a Prefeitura pesou muito para a suspensão das atividades. O não cumprimento de normas do Ministério da Saúde impossibilitou a renovação do contrato com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que, por isso, deixou de encaminhar pacientes e, consequentemente, os repasses em dinheiro cessaram. Após começar a atrasar os salários, a suspensão das atividades era questão de tempo.