Colégio da Zona Sul foi o único na cidade e um dos três no estado selecionados para participar de projeto Elas nas Exatas
Segundo a Unesco, o número de mulheres que buscam as ciências e os estudos técnicos é significativamente menor do que o de homens. Por isso, com o apoio do Fundo Elas, do Instituto Unibanco, da Fundação Carlos Chagas e da ONU Mulheres, foi lançada a 2ª edição do Edital Elas nas Exatas, que busca incentivar maior participação das meninas nas áreas de ciências e tecnologias e busca sensibilizar a gestão escolar para combater a desigualdade de gênero que existe no país. Foram inscritos 113 projetos de instituições de ensino de todo o Brasil, mas apenas dez foram selecionados, com três projetos no Rio Grande do Sul, entre os quais apenas um de Porto Alegre, o Projeto Gurias nas Exatas Odila, do Colégio Odila Gay da Fonseca, no bairro Ipanema, na Zona Sul da capital.
Foi através do engajamento de Karen Espíndola, professora de Física no Odila há 18 anos, que a escola se vinculou, inicialmente, ao projeto Meninas na Ciência, da UFRGS, para, então, se inscrever e ser selecionada no Elas nas Exatas. Karen assumiu o papel de supervisora do projeto, que começou em abril e vai até novembro, e foram selecionadas 24 meninas do 9º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. Com as aulas acontecendo quinzenalmente, no turno inverso, os encontros incluem noções de robótica e programação, além de debater a presença feminina na comunidade cientifica e visitar a universidade federal para conhecer e ampliar os conhecimentos sobre os diferentes cursos das áreas das ciências. Como parte do projeto, as integrantes apresentarão trabalhos de iniciação científica no Salão de Extensão da UFRGS e do Instituto Federal da Restinga. Segundo Karen, “ficamos muito felizes em saber que, pela primeira vez, nossa escola irá participar de um projeto financiado por instituições que se preocupam com questões de equidade e gênero relacionadas com a área das ciências”.
Escola e comunidade ficam com patrimônio cultural e material
Além do conhecimento e das experiências adquiridas, a escola também vai ficar permanentemente com todo o material adquirido para o projeto (notebook, projetor, materiais das aulas, etc.). Também estão previstas ações que envolvem a comunidade escolar, como formações específicas, observações astronômicas e exposições na escola. Na medida em que o projeto for se desenvolvendo, outras ações naturalmente irão se agregando à proposta, como já vem ocorrendo com a participação de duas pesquisadoras internacionais (uma da Irlanda e outra do Reino Unido, representando o centro WISWOS – Mulheres no Som), a oficina oferecida pela empresa John Deere (que trouxe um grupo de colaboradoras que fazem parte do SWE – Society of Women Engeneers – para falar do espaço que as mulheres podem ocupar na indústria e para realizar atividades de montagem com Lego) e a participação da professora de inglês da escola, Alessandra Figueró Thornton, que criou uma poesia falando de mulheres pesquisadoras antigas e foi publicada em uma revista de filosofia (Alegrar – 21ª edição).
Se já é motivo de imensa satisfação saber que existem pessoas no mundo inteiro trabalhando pela igualdade de direitos e de gênero, é ainda mais gratificante saber que, na Zona Sul de Porto Alegre, o Colégio Odila Gay da Fonseca também assumiu essa luta.