Figura folclórica e conhecida na Zona Sul de Porto Alegre, que acostumou os moradores da região a vê-lo, por muitos anos, andando ou correndo de um lado para outro, simulando estar dirigindo um carro da polícia, muitas vezes, utilizando um apito e aparentando estar sinalizando o trânsito, faleceu, em fevereiro, o famoso Mudinho de Ipanema. Durante um longo período, ele morou na casinha de táxis localizada na esquina das avenidas Juca Batista e Pedro Augusto Bittencourt, em Ipanema, onde os amigos taxistas lhe possibilitavam tomar banho e dormir.
Devido a graves questões neurológicas, durante cinco anos, o Ministério Público (MP) tentou, com a ajuda incansável do CREAS Sul-Centro Sul, descobrir a família de origem, seu nome e idade, mas os esforços foram em vão, já que, além de ser surdo-mudo, ele também era analfabeto, o que dificultou muito na tarefa de descobrir seus laços familiares. Com isso, o MP criou um nome para ele, Edison Silva, e criou a sua data de nascimento para que pudesse, a partir disso, possuir um CPF e garantir alguns de seus direitos. O MP entrou com um processo de interdição, pedindo para o Sistema Judiciário designar a sua curatela a um tutor, responsabilidade assumida pela advogada Fernanda Prati Maschio desde o final de 2020, que assumiu sua curatela a fim de cuidar dos interesses de “Edison Silva”, para acompanhá-lo em suas reivindicações para que pudesse buscar benefícios para sua subsistência, sempre contando com apoio de sua advogada e, também, com o auxílio dos amigos do Ponto de Táxi Ipanema, que colaboravam, ainda, nos deslocamentos quando ele necessitava de atendimento médico ou outras necessidades. Nas últimas semanas de sua vida, o saudoso Mudinho de Ipanema estava residindo no Lar do Vovô, onde faleceu, aos 53 anos, após retornar de uma internação.