Exposição “Três Novos Olhares” expõe obras de Artur Veloso, Bruno Tamboreno e Carlos Jenisch

Apresentação

(Texto por Melina Lobo)

 

A humanidade contempla a si mesma. Munido do arsenal que melhor o convém, cada indivíduo possui em si um impulso natural para a autoconsciência. Surgem as perguntas existenciais, mas não cabe à arte respondê-las. Antes de uma resposta, a função da arte é promover ainda mais perguntas, e cada vez mais existenciais. Em meio à curta história humana, surge uma história da arte ainda mais curta; mas com uma constante: a representação da figura humana.

Sentado diante de uma folha de papel, um cavalete, um bloco de mármore, o indivíduo fita-o como quem olha um espelho. Talvez não se encontre sentado, antes de pé, em movimento. Talvez não haja folha alguma, nem mesmo metafórica. Possui em suas mãos a mesma potência que confere às divindades criadoras: seu pincel ou cinzel promove divisões celulares; faz emergir do barro novas formas. Como idealiza deuses à sua imagem e semelhança, a humanidade representa a si mesma como sua própria criação.

A matéria é o barro; a tela em branco, o Éden. Os traços fortes, expressões quase talhadas; pele, carne e osso condensadas nas mesmas linhas. A serenidade, o ódio e a sensualidade da natureza humana projetadas em um mesmo plano. Camadas de matéria que revelam, entre o que se enxerga e o suporte já invisível, ainda outros mitos individuais de criação.

Talvez o que o indivíduo procura além de sua existência – o antes e o depois – esteja dentro de si mesmo. Há um esoterismo macrocósmico justamente no lugar menos intuitivo a se procurar: na subjetividade de cada ser humano. E tais subjetividades só podem ser canalizadas e ascender à superfície, como as águas ebulientes de um gêiser, através de uma linguagem que assim permita. São aqui apresentadas três dessas subjetividades. Três pequenos universos, obviamente distintos, que tomam forma através daquilo que talvez nos torne humanos: a autoconsciência. Três formas através das quais a humanidade, afinal, segue a contemplar sua própria existência.

 

Abertura: 11/08 – 19h30 às 22h
Local: Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (Rua dos Andradas, 1223)
Evento no facebook: Exposição Três Novos Olhares