Rede de cooperação de jornais de bairro e segmentados funcionou por nove anos
Com o lançamento oficial da Rede Jornal, em 28 de junho de 2004, os 19 jornais de bairro e segmentados fundadores da rede de cooperação e os que aderiram ao grupo posteriormente passaram a utilizar a marca nas capas de cada edição como identidade complementar ao nome do veículo, além de desenvolver parcerias em projetos coletivos diversos e buscar a qualificação constante de todos os participantes, porém mantendo a autonomia e a independência editorial de cada um dos periódicos. Entre os objetivos, estavam a conquista de novos mercados, a qualificação dos produtos e serviços, acesso a novas tecnologias e troca de experiências, ao mesmo tempo em que o grupo reduzia custos e riscos.
A Rede Jornal iniciava a funcionar como rede de cooperação, ao mesmo tempo em que passava a ser foi utilizada como sigla da entidade antes denominada Ajob/Poa, que, com a criação da Rede Jornal, passou a ser denominada como Associação dos Jornais de Bairro e Segmentados de Porto Alegre. No final deste mesmo ano (2004), o então presidente da entidade, Gustavo Cruz da Silveira (editor de O Jornalecão), foi sucedido pelo também jornalista Roberto Lopes Corrêa Gomes, editor do Jornal Folha 3, e, dois anos após, foi a vez de a jornalista Kátia Escobar, editora do jornal Em Aquarius, assumir a presidência. Infelizmente, após alguns meses à frente da Rede Jornal, em 2007, a presidente faleceu tragicamente no voo da TAM que vitimou, além dela, outras 198 pessoas. O vice-presidente Paulo Tomasini, editor do Jornal Floresta, assumiu o comando da Rede Jornal, que permaneceu em atividade como as-sociação e rede de cooperação até o ano 2011, incluindo parte dos integrantes originais que permaneciam em circulação e novos veículos que foram aderindo ao grupo, chegando a contar com 22 periódicos: Bem Estar, Bem Estar Zona Sul, Cidade Leste, Cidade Sorriso, Click Síndico, CS Zona Sul, Fala Bom Fim, Folha do Lami, Folha do Sarandi, Geramigos, Já Bom Fim, Jornal Bela Vista, Jornal do Centro, Jornal do Mercado, Jornal Floresta, Jornal Metrópole, Jornal Sprint Final, Jornal Sutiã, O Jornalecão, Usina do Porto, Vitrine e Vitrine Extremo Sul. No ano seguinte, porém, desentendimentos entre os participantes levaram à divisão do grupo quando parte dos associados deixou a Associação dos Jornais de Bairro e Segmentados de Porto Alegre com o objetivo de criar uma nova associação, que não prosperou. A partir daquele momento, a marca Rede Jornal passou a ser usada como sigla pelos periódicos que permaneceram na associação original, que, em seus últimos anos, teve Paulo Bitencourt, editor do jornal Metrópole, como presidente. A entidade continuou em atividade até 2013, quando a associação completou 15 anos e a marca Rede Jornal deixou de ser utilizada.
Unijob foi a última tentativa de união dos jornais de bairro
Houve tentativas posteriores de reativar a cooperação entre os jornais de bairro, como a criação da União de Jornais de Bairro (Unijob), formada, em 2019, inicialmente, pelos jornais Bairros e Condomínios, Comando da Cidade, Jornal Floresta, Nosso Bairro, O Cristóvão, O Jornalecão, Vitrine e Voz da Vizinhança. Mas, em 2020, com a pandemia de covid-19, esta última tentativa de cooperação formal entre os periódicos foi descontinuada, quando alguns veículos passaram a atuar como sites de notícias e outros suspenderam a circulação.
Atualmente, os jornais de bairro persistem em alguns bairros de Porto Alegre, principalmente na Zona Sul, onde circulam os jornais Folha Zona Sul, Nosso Bairro, O Jornalecão e Vitrine. E, na Zona Norte, em 2022, como uma grata surpresa, foi fundado, no bairro Rubem Berta, o jornal Fala Cohab, demonstrando que novas iniciativas unem-se aos jornais mais antigos para manter esta tradição de Porto Alegre, que já dura mais de 70 anos, de as comunidades criarem seus próprios veículos para divulgar e valorizar as histórias locais por meio dos jornais de bairro.