Especial 70 anos dos jornais de bairro de Porto Alegre (1954 – 2024) – parte 6

Jornais de Bairro unem-se em associação no final dos anos 90

O aumento no número de jornais de bairro em circulação em Porto Alegre na metade da década de 90 levou editores de periódicos a idealizarem a criação de uma associação como facilitadora para o crescimento e a qualificação constantes destes veículos. O primeiro movimento neste sentido ocorreu em 3 de outubro de 1997, no Restaurante Gilbertu’s, em uma reunião que reuniu editores de jornais de bairro da cidade e alguns representantes de jornais segmentados, com características similares, porém direcionados a um segmento, como saúde, cultura, exoterismo, etc. A proposta inicial da reunião era fundar uma associação de jornais de bairro e segmentados. Após o encontro, porém, a entidade que surgiu foi a Associação dos Jornais de Bairro de Porto Alegre (Ajob/Poa). Na ocasião estavam presentes editores de nove jornais de bairro da capital gaúcha: Jodoé de Souza (Jornal Azenha), Daniel da Motta Dutra (CS Zona Sul), Elmar Bones (Jornal Já), Roberto Corrêa Gomes (Folha 3), Jorge Urruth (O Farol), Gustavo Cruz da Silveira (O Jornalecão), Lupicinio Rodrigues Filho (Nosso Bairro), Mario Rocha (O Cristóvão), Carlos Rema Rodrigues, Marta Dornelles e Beatriz Dornelles (Jornal Bela Vista e Olá Botânico). Foi escolhida como presidente da entidade a jornalista Beatriz Dornelles, editora do Jornal Bela Vista e acadêmica que desenvolvia um trabalho pioneiro na pesquisa sobre jornais comunitários gaúchos. Bia, como era também conhecida, foi a escolha natural por ser especialista no assunto e uma das principais incentivadoras da criação de uma associação que congregasse os jornais de bairro porto-alegrenses. Como vice-presidente, foi escolhido o também renomado jornalista Elmar Bones, editor do Jornal Já.

Ajob/Poa inovou com a criação do selo de tiragem comprovada

Nos meses seguintes, foram realizadas outras reuniões, com o número de jornais crescendo até chegar a 18 associados, e foi elaborado um estatuto, que previa, entre outras questões, auxiliar no crescimento da qualidade de vida da população dos bairros, defender os interesses locais e apoiar eventos promovidos pelas comunidades. A formalização da entidade ocorreu em 1998, quando a Ajob/Poa passou a solicitar que os integrantes qualificassem constantemente suas edições e também passou a desenvolver uma de suas principais metas: a comprovação das tiragens, com auditoria da tradicional e renomada Associação Riograndense de Imprensa (ARI). Após esta medida que exigia a comprovação do número de exemplares impressos a cada edição para que os associados pudessem utilizar o selo de tiragem comprovada em suas capas, alguns veículos se retiraram da associação, que, no entanto, manteve-se com dez jornais associados que aceitaram a proposição (Alto Petrópolis, Destak, Fala São João, Folha 3, Gente Auxiliadora, Jornal Bela Vista, Jornal Já, O Cristóvão, Olá Botânico e O Jornalecão), que iniciaram uma nova etapa estratégica com a negociação coletiva de publicidade.

No segundo semestre de 2022, assumiu a presidência da Ajob/Poa o jornalista Gustavo Cruz da Silveira, editor de O Jornalecão, tendo como vice o jornalista Roberto Corrêa Gomes, editor do Folha 3. O principal objetivo desta nova fase da entidade era trazer, de volta para o grupo, periódicos que haviam se afastado e associar novos veículos que surgiram nos quatro primeiros anos de existência da Ajob/Poa. No ano seguinte, duas novas propostas – a criação de uma rede de cooperação e a alteração do estatuto para permitir a inclusão dos jornais segmentados – levaram os jornais de bairro a encarar um novo desafio: a criação de uma marca coletiva, que recebeu o nome de Rede Jornal.

Leia na parte 7 do especial: Jornais de bairro e segmentados de Porto Alegre criam a Rede Jornal