“Minha função é fazer a Cooperativa estar cada vez mais presente nas comunidades”
1 – Como gerente regional sul de Porto Alegre do Sicredi, quais as suas áreas de atuação e quais os impactos da Cooperativa na comunidade?
Atualmente, respondo pela gestão de três equipes na regional sul, com 28 colaboradores responsáveis por cuidar de 37 bairros entre a Zona Sul e o Extremo Sul e divididos entre as agências dos bairros Ipanema, Lomba do Pinheiro e Hípica. Não há um gerente geral para cada agência, mas, sim, o papel do líder regional, que, neste caso, também busca ser uma liderança local. Logo depois, estão os gerentes de negócios. Atualmente, trabalhamos com 16 deles, entre gerentes de pessoa jurídica (PJ) – que é uma frente de trabalho muito forte –, gerentes de pessoa física (PF) – como a Zona Sul é uma região bastante residencial, também é muito forte – e gerentes especializados para o agronegócio – cuja presença no Extremo Sul também é significativa. Nossos gerentes, tanto de PJ quanto de PF, têm especificações diferenciadas e segmentadas para atender micro, pequenas, médias e grandes empresas. Ou seja, não importa se o cliente tem alta ou baixa renda, nós temos um atendimento especializado para ele.
Mas o impacto que pretendemos causar na região sul não se restringe ao associado. Minha função é apoiar os outros gerentes naquilo que precisem para tornar o Sicredi cada vez mais presente nas comunidades, não apenas economicamente, mas assumindo, também, um viés social.
2 – O Sicredi é a Cooperativa de crédito mais antiga do Brasil. Qual a diferença entre uma Cooperativa e as outras instituições de crédito?
Comparar uma instituição financeira em cooperativa com instituições financeiras bancárias tradicionais é simples. Como diz o presidente do Sicredi União Metropolitana RS, Ronaldo Sielichow, nossa maior concorrente é a desinformação, já que as pessoas costumam temer o desconhecido. Porque, quando conhecem o nosso trabalho, elas se apaixonam e percebem que fazer parte de um sistema cooperativo é valorizar as pessoas, tanto o público interno quanto externo. E, quando falo em público interno, falo de colaboradores, pessoas e líderes que formamos aqui. Eu mesmo fui formado na casa. Entrei como estagiário no Sicredi, há 13 anos, até me tornar um líder regional.
Aqui, formamos lideranças e cidadãos. E o associado do Sicredi percebe que fazer parte da Cooperativa é fazer parte de uma sociedade de pessoas, e não apenas de capital. Participando das assembleias, o associado exerce poder de voto, tem força de voz para decidir o futuro e o rumo da cooperativa. Diferente de um banco, no qual apenas acionistas – dependendo do capital que eles tenham! – podem votar. Ou seja, nesse sistema, quem tem mais capital, tem mais poder de voz, enquanto quem possui pouco capital não tem voz. Já no sistema de cooperativismo, se o associado tiver R$ 100 mil ou R$ 20 de cota, tem o mesmo poder de voto. Mas a principal vantagem são os resultados da cooperativa, durante o ano, retornarem, proporcionalmente ao uso, para os associados. É o momento mais mágico do nosso trabalho! Em um banco comum, você simplesmente usa a conta e paga. O ano passa e todos os lucros vão para o banco. Na cooperativa, ao final de cada ano, os resultados são apurados e, então, na assembleia, é apresentada uma proposta de retorno do capital social, um retorno sobre os resultados. Parte desses lucros é investida em melhorias na cooperativa (mais agências, treinamento de colaboradores, etc.) e outra parte retorna para o associado. Ou seja, no cooperativismo, você não é apenas um cliente: é um sócio!
3 – Pesquisas mostram que o setor financeiro é um dos que mais geram desconfiança no consumidor. Por que o Sicredi é diferente?
cer as taxas mais justas, o Sicredi não quer ser taxado como uma instituição financeira barata, que busca apenas preços mais baixos. Somos uma cooperativa: tudo que for cobrado do associado retorna para ele depois! Por isso, nossas práticas de cobrança são muito transparentes. Você sabe o que vai para onde e, inclusive, ajuda a decidir e tem acesso a tudo que for decidido, mesmo que não tenha participado das assembleias, pois relatórios anuais são enviados para os associados, que não vão encontrar nenhuma surpresa desagradável no extrato bancário, porque, por mais que existam modalidades de produtos com variantes de cobrança, o Sicredi preza por transparência e cobrança de preços justos, que sejam competitivos para o associado e nos permitam investir em estrutura para levar o cooperativismo cada vez mais longe.
O ponto forte do cooperativismo é o relacionamento e está, inclusive, na missão do Sicredi. Por isso, nosso atendimento é totalmente personalizado, com os gerentes sempre acessíveis e vários canais de contato, para nunca deixar o associado sem resposta. Aqui, o associado vai ter sempre, no mínimo, três opções de contato com a agência: se o gerente não puder atender, haverá ainda o seu assistente ou, então, mais quatro opções dentro da equipe de apoio, além do contato do líder regional. Ou seja, estamos preparados para não deixar o cliente sem atendimento e para responder seus questionamentos e atender às suas urgências o mais rápido possível.
4- A pandemia trouxe graves problemas para o sistema de saúde e o comércio. O Sicredi conta com alguma iniciativa de apoio ao fomento da economia local?
A base de atuação do Sicredi é a economia local, nosso trabalho é todo feito para que a riqueza gerada fique onde ela foi gerada. Parte do resultado do capital social da cooperativa, decidido pelos associados em assembleia, é destinado a projetos sociais regionais, um programa que chamamos de Fundo de Desenvolvimento Social, que já está indo para o seu quarto ano e cujas entidades que receberam esse suporte em 2020 estão sendo, inclusive, retratadas em uma série de reportagens em O Jornalecão. Mas, embora as matérias que estão no jornal sejam apenas dos contemplados na região sul de Porto Alegre, essa é a política do Sicredi no país inteiro: fomentar a economia local e crescer junto com as pessoas dessas regiões.
5- O Fundo de Desenvolvimento Social destina recursos da cooperativa para iniciativas locais, como o Sicredi decide o destino desses recursos?
O projeto, sendo bem elaborado e abraçando uma causa nobre, tem grandes chances de ser aprovado no Fundo de Desenvolvimento Social. Existem etapas nas quais o projeto tramita antes de ser aprovado. Aberto o edital, é preciso fazer a inscrição, que fica a cargo da área de programas sociais do Sicredi, que pode fazer alguns ajustes e recomendações junto ao proponente antes de encaminhar o projeto à comissão avaliadora, que é formada pelos coordenadores de núcleo. Importante ressaltar que cada um deles representa um grupo de cerca de mil associados nas assembleias. Então, os coordenadores de núcleo recebem as informações, visitam os locais onde os projetos são executados e, depois, levam tudo para uma reunião, na qual decidirão quantos serão contemplados e quanto de investimento cada projeto vai ganhar, levando em consideração que existe um valor total para cada região dividir. No ano passado, foram cerca de R$ 60 mil para a região sul, com mais de 130 projetos inscritos. A comissão julgadora, então, se desdobra para contemplar o maior número de projetos possível dentro do valor estabelecido por região e do limite de cada projeto.