Todo mundo já deve ter questionado se uma palavra existe ou não. Geralmente, isso ocorre quando o vocábulo é de uso raro ou ele surge, por exemplo, em razão de uma novidade tecnológica. Até aqui tudo bem. O que me impressiona está em um raciocínio equivocado por parte da maioria das pessoas de que dicionários decidem a existência de uma palavra. A intenção do tira-dúvidas pode até ser descrever o sentido do maior número possível de vocábulos, mas a vida é veloz, e expressões novas chegam às comunicações interpessoais sem pedir licença a dicionaristas.
Passei por duas experiências linguísticas. Na primeira, ao dizer que eu era “ensinável” para aprender outros idiomas, percebi que acharam divertido, parecia que eu tinha falado uma expressão errada. Na segunda, em uma reunião de trabalho, afirmei que havia uma parte “clicável” em um documento enviado. Ouvi algo como “que engraçado”. Mesmo que tenham entendido o que eu quis dizer, consideraram estranhas “clicável” e “ensinável”. Preciso afirmar que tais termos existem. E não sou eu que digo. Estão devidamente registrados no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) e em alguns dicionários online. Apenas isso não justifica nada, porque, se não tivessem registro nenhum, seriam ainda tranquilamente compreensíveis pela lógica. Veja:
Verbo amar + -vel = amável (que pode ou é amado)
Verbo clicar + -vel = clicável (que pode ser clicado)
Vebo ensinar + -vel = ensinável (que pode ser ensinado)
Percebemos, evidentemente, o sentido das palavras acima. Por fim, saiba que dicionaristas são, acima de tudo, estudiosos e pesquisadores. Fiscalizar a existência de palavras não é o papel deles. Uma palavra jamais aparecerá ou permanecerá na Língua Portuguesa de forma imposta por quem quer que seja.
@prof.andremartins – Professor de Português
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