O Pontal do Estaleiro, que, atualmente, está passando por grandes transformações, com a construção de um empreendimento de 114 mil metros quadrados na área, foi morada de povos indígenas até, pelo menos, o século XV, antes da chegada dos colonizadores. A descoberta ocorreu depois da retirada do aterro do Estaleiro Só, durante o transplante de uma árvore, revelando a presença de cerâmicas indígenas que confirmam uma ocupação histórica chamada de sítio componencial, ou seja, um lugar com diferentes tipos de ocupação em diversos períodos da história. Os pesquisadores enviaram amostras de carvão de possíveis fogueiras indígenas para os Estados Unidos, e a datação por C14 (carbono 14) apontou que o sítio arqueológico data do período 1434-1436, revelando que a Ponta do Melo não foi ocupada apenas pelo Estaleiro Só, inaugurado em 1850, mas também por povos indígenas, como os guaranis.
No total, foram encontrados 12.430 fragmentos, que estavam entre 1,2 metro a 2,3 metros abaixo do aterro. Foram encontradas cerâmicas indígenas (como panelas, tigelas para água e outras para comer, pedras lascadas e polidas, além de instrumentos como machados, polidores e raspadores), louças (de fabricação estrangeira e nacional da virada do século 19 até a primeira metade do século 20), vidros (remédios, perfumes e bebidas), materiais naturais (ossos, conchas e sementes de árvores), além de fragmentos de munição, moedas, anéis, pingentes, fivelas, entre outras peças mais modernas. Atualmente, as descobertas estão sendo catalogadas para, depois, serem encaminhadas ao Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), onde poderão ser apreciadas pelo público.