Na sexta-feira passada (11 de janeiro), uma notícia passou a mobilizar a população da Zona Sul de Porto Alegre: durante a madrugada, 30 índios que estão acampados na região da Fazenda do Arado Velho teriam sido ameaçados por dois indivíduos armados. Segundo relatos, além de atirar acima da altura das barracas para intimidá-los, ainda ameaçaram as quatro famílias de morte, caso não saíssem do local até o domingo seguinte (dia 13/1).
O crime, que lembra algumas cenas de filme, foi registrado na 7ª Delegacia de Polícia, do bairro Belém Novo, que está investigando o caso ocorrido no mesmo bairro. O Ministério Público Federal também começou a investigar o caso imediatamente. Nos dias seguintes, o assunto repercutiu na imprensa e nas redes sociais, inclusive com manifestações de órgãos oficiais, como o Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH-RS), que demonstrou grave preocupação em relação aos fatos ocorridos.
Rapidamente, conforme o assunto se tornou público, teve início a mobilizações de pessoas, entidades e movimentos em favor da segurança dos índios guaranis. Os indígenas estão ocupando (com a intenção de permanecer) área no bairro, às margens do Guaíba, por meio do movimento que denominam como Retomada Guarani Mbya nas Terras do Arado Velho. Atualmente, a Justiça analisa o pedido dos índios que solicitam demarcação de área que faz limite com propriedade na qual está prevista a implantação de um loteamento, que também está em análise na Justiça após mobilização comunitária.
Manifestações de apoio aos indígenas começaram no domingo e prosseguem na quarta-feira
No domingo (13/01), centenas de pessoas preocupadas com as ameaças e a limitação de trânsito que os indígenas relatam estar sofrendo, se reuniram na Praça Inácio Antônio da Silveira, em Belém Novo, para ouvi-los, doar mantimentos e ajudar a defendê-los. Inúmeros representantes de entidades comunitárias e ligadas à causa indígena, personalidades políticas e moradores da região também se fizeram presentes ao evento que se estendeu por toda a tarde.
As manifestações em defesa dos indígenas prosseguem. Na próxima quarta-feira (16 de janeiro), deverá ser realizada a Caminhada Pró Tribo Mbya Guarani, que terá início em frente ao Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Avenida Loureiro da Silva, 515), com concentração prevista para as 13h. Após, haverá caminhada até o Ministério Público Federal, para entrega de representação ao procurador responsável.