Comunidade cobra retorno prometido de gestora ao comando da Reserva Biológica do Lami

Em agosto, a comunidade do bairro Lami, no Extremo Sul de Porto Alegre, foi pega de surpresa com a notícia da transferência de Maria Carmem Bastos e Osmar Oliveira (gestora e sub-gerente, respectivamente) da Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger, localizada na Estrada Otaviano José Pinto, s/nº, para um setor de fiscalização dentro da SMAMS (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade). Sem qualquer tipo de consulta à comunidade ou mesmo aos Conselhos Consultivos das Unidades de Conservação, a transferência abrupta dos profissionais trouxe o receio de que o trabalho desenvolvido em parceria e sintonia com a comunidade ao longo dos anos se perdesse, ou ainda pior: o receio de que a transferência fosse uma represália. Segundo Ana Felícia Trindade, do Coletivo Madre Sierra, a transferência poderia ser uma retaliação pela atuação de ambos nas questões ambientais, indígenas e latifundiárias da região e mesmo de outras unidades de conservação, como o Morro São Pedro.

Após a união de várias entidades pedindo o retorno dos profissionais, no dia 23 de agosto, cerca de 100 pessoas se reuniram em frente à reserva para protestar, começando, no dia seguinte, uma vigília no mesmo local e também na sede da SMAMS. Sob pressão, representantes da SMAMS prometeram, ainda naquela mesma semana, que Maria Carmem poderia se dividir entre a Reserva do Lami e o setor de fiscalização para o qual fora destinada, o que deixou todos eufóricos e parcialmente satisfeitos – já que, para o sub-gerente Osmar, não havia garantia de retorno.

No entanto, quase dois meses depois, nenhuma parte do que foi prometido ainda foi cumprida. Maria Carmem permanece lotada no setor de fiscalização e o seu retorno à gestão de reserva não foi oficializado. Diante do imbróglio, Maria Carmem entrou em um período de férias de 30 dias, na esperança de retomar suas funções na reserva e permanecer com o trabalho desenvolvido há anos. A incerteza quanto ao retorno de Maria Carmen às suas atividades na Reserva do Lami está gerando questionamentos. Integrantes da Associação de Moradores do Lami demonstram desconfiança de que a promessa da SMAMS possa ter sido apenas uma estratégia para desfazer a movimentação para o retorno de Maria Carmem e Osmar à gestão da reserva, mas torcem para que tudo se resolva, em breve, conforme anunciado pelo órgão municipal. Para a comunidade, agora basta aguardar o iminente retorno das merecidas férias da profissional que geriu a Reserva Biológica do Lami nos últimos anos, com aprovação popular, para saber a resposta, que, com certeza, será noticiada por O Jornalecão.