Medo é um estado afetivo de consciência de perigo, temor, receio. É esse o sentimento que vem tomando conta da nossa sociedade, mas não só pelo perigo da violência urbana. Estamos amedrontados por falta de expectativa de melhora em um curto período, tanto para a violência quanto para a economia, os índices de desemprego, no investimento em educação, na criação de espaços de recuperação para dependentes químicos, na valorização da Polícia, enfim, em ações que mudem o quadro de medo e insegurança.
Apostar na sociedade é o que governos e governantes precisam fazer, sob pena de tornarmos perigoso o simples ato de nascer, pois de conviver já o é. Vivemos uma guerra urbana, uma crise ética, política, econômica, estrutural. Precisamos reorganizar a casa e cultivar nas crianças a certeza de que é possível um mundo melhor, que urbanidade passa pelo respeito ao outro, pela liberdade de ir e vir, pela paz de vida em grupo.
Para criar este espírito, é necessário que o povo perceba o movimento e a vontade dos governantes nas políticas e investimentos. Atacar de vez a sensação de medo e insegurança passa por Delegacias de Polícia mais equipadas, com mais efetivo dentro e fora; suporte para operações; continuidade nos inquéritos e procedimentos. Também é urgente agilizar o andamento da Justiça penitenciária e divulgar operações, como as retomadas de territórios.
O criminoso deve ter medo, não a sociedade. Para isto, é preciso tirar poder, limitar áreas até extingui-las, impedir ação e movimentos de dentro dos presídios. Temos tecnologia para isto, por que não aplicamos? O que alimenta o mundo do crime é conhecido, mas o enfrentamento passa por coragem dos governantes e planejamento de um plano de Estado que, de etapa em etapa, possa evoluir até que possamos, de novo, pensar em uma sociedade mais humana, menos temerosa, muito mais livre.
Quem manda nessa guerra urbana?
Cleiton Freitas
vereador de Porto Alegre e delegado de Polícia