Desde que passou a ser contabilizado o número de contágios, em 2000, nunca tantas pessoas haviam sido infectadas e morrido em decorrência da doença no Rio Grande do Sul
Pela primeira vez, desde o início dos registros de casos de dengue no estado, em 2000, o número de óbitos causados pela dengue atingiu a marca de 29 em um só ano, superando as 11 mortes contabilizadas em 2021, que, até então, constituía-se no recorde de fatalidades, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES). Mas o número que mais impressiona em Porto Alegre e dá uma dimensão do problema é o de pessoas infectadas dentro da cidade, que não pegaram a doença em outro município ou estado: os chamados casos autóctones. No ano passado, foram identificados 21 casos autóctones de dengue na capital gaúcha, enquanto, neste ano, já ultrapassam os 2.000, segundo o boletim semanal de casos que a prefeitura disponibiliza pela internet.
Na primeira quinzena de maio, a SES emitiu um comunicado oficial que coloca o Rio Grande do Sul em alerta máximo para a dengue, já que, em cinco meses, foram 24.156 casos confirmados, e, ainda que 85% dos casos se concentrem em 24 municípios (onde mora cerca de um quarto da população gaúcha), mais de 440 cidades das 497 que formam o estado foram consideradas infestadas pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Em Porto Alegre, os casos da doença são registrados em todas as regiões da cidade, com prevalência para os bairros Vila Nova, Bom Jesus e Jardim Carvalho, seguidos por Partenon, Vila São José e Vila Jardim. Os dados estão sujeitos à revisão em virtude da permanente qualificação e podem ser conferidos no Painel de Casos de Dengue, Zika e Chikungunya, no link.
O primeiro sintoma de dengue que a população deve estar atenta é a febre alta (maior que 38°C), de início abrupto, que geralmente dura de dois a sete dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de muito cansaço. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
A prefeitura segue realizando ações e visitas em diversas regiões da cidade, com agentes de combate a endemias prestando orientação aos moradores, fazendo busca ativa de pessoas com sintomas compatíveis com a dengue, auxiliando os moradores na eliminação de criadouros do mosquito e identificando situações que necessitem atuação de outros setores da prefeitura. Para que a população saiba os cuidados necessários, a prefeitura disponibilizou também o site Onde está o Aedes?, no qual a população pode se informar melhor.
Embora o frio esteja chegando e costume diminuir a infestação de mosquitos, é importante lembrar que os ovos do Aedes aegypti podem perdurar por cerca de um ano sem água nenhuma, ficando ativos assim que a umidade permitir que eclodam. Por isso, é importante manter o cuidado permanente com focos de água parada e manter tudo devidamente higienizado, para que não corramos o risco de que, no ano que vem, esse triste recorde de casos e mortes seja batido mais uma vez.