“O fato de terem uma casa na calçada não significa que estão seguros contra doenças e violência”
Por Lourdes Sprenger, vereadora e ativista da causa animal e do meio ambiente
Antes de entrar na polêmica, se as casas instaladas na rua Ângelo Crivelaro devem ser removidas ou não, é importante pensar sobre o ponto de vista do bem-estar animal. Sabe-se, por diversos relatos, ocorrências e vídeos nas redes sociais, que os animais de rua sofrem maus-tratos com agressões, espancamento, abandono, acidentes, atropelamento, envenenamento e morte.
O fato de terem uma casa na calçada não significa que estão seguros contra doenças e violência. O chamado cão comunitário fica vulnerável morando na rua. Muitas vezes, o tutor temporário viaja, muda-se de local, deixa de cuidar, não tem dinheiro para o remédio e a comida, trabalha fora, e o animal fica à mercê da rua durante longas horas correndo riscos a sua integridade. A construção na calçada, sem autorização da prefeitura, é irregular, pois no meio-fio das calçadas é para os equipamentos públicos: poste, hidrantes, placas de sinalização, acessibilidade, inclusive aos containers, entrada de garagens, arborização e jardinagem.
Como ativista da causa animal, sei que a melhor solução para os cães não sofrerem maus-tratos é o encaminhamento para castração, adoção e microchipagem. A castração faz com que não se proliferem. A adoção permite que através do Termo de Adoção o tutor realmente assuma a responsabilidade de cuidar do mascote. A microchipagem identifica os dados do animal e do respectivo tutor. Outra preocupação são as zoonoses, uma vez que os animais de rua não são vacinados e estão sujeitos a doenças como contaminação alimentar, viroses, leptospirose e leishmaniose.
Foi marcada uma audiência de conciliação para o final do mês de julho, sobre a retirada ou não das casinhas do bairro Jardim do Salso. Independentemente da decisão judicial, até lá, quem se responsabiliza pelo bem-estar dos animais que moram na rua e estão sujeitos a todo o tipo de situação de maus-tratos?