Quem não se lembra das brincadeiras e dos jogos de ruas e pracinhas dos bairros de antigamente? As crianças iam para a rua brincar e os pais podiam permitir sem medo pela sua segurança. Muitas vezes, até participavam junto. O poeta Luiz Coronel tem um poema (www.luizcoronel.com.br) que ilustra bem este tempo:
OLIMPÍADAS (Luiz Coronel)
Na pracinha de meu bairro
ocorrem Jogos Olímpicos.
Toda gente prestigia
desempenhos magníficos
Sejam bem-vindos atletas
à Maratona do Tempo.
Aos céleres muitas medalhas,
e medalhas para os lentos.
Em nossos Jogos Olímpicos
a cada um, sua medalha.
Os passarinhos festejam
e o vento não atrapalha.
No ano em que o Brasil sediou pela primeira vez as Olimpíadas, O Jornalecão comemora duplamente. Não só com a melhor campanha do País na história das Olimpíadas, mas também o encontro e a integração entre tantas diferentes culturas que nós, brasileiros, com todas as ressalvas que se possa fazer, soubemos promover tão bem, seja em um megaevento como uma Olimpíada ou em uma pracinha na rua.
Pois foi justamente através do espírito e da prática esportiva que surgiu O Jornalecão, há quase 30 anos atrás. Foi quando meninos e meninas do bairro perceberam que, para se divertirem com seus jogos e brincadeiras, havia a necessidade de encontrar um local para correr mais adequado do que a rua, que poderia ocasionar lesões e machucados devido ao chão duro feito de pedras irregulares, e então surgiu a ideia de fazer um jornal para arrecadar dinheiro e arrumar um terreno na Rua Oiampi que estava totalmente ocupado pelo mato (sim, naquele tempo ainda havia muitos terrenos baldios nos bairros da Zona Sul). O primeiro jornal, no estilo fanzine, feito à mão para ser xerocado e vendido aos pais e vizinhos, foi um sucesso tão grande que garantiu as melhorias pretendidas no campo, fazendo com que os jogos e brincadeiras das crianças não precisasse mais acontecer no meio da rua, nem no pátio das casas. Além do jornal ajudar a construir um palco melhor para a diversão das crianças no dia-a-dia, o campinho oportunizou competições de futebol e Olimpíadas locais entre pais e filhos contra equipes de outras ruas, o que garantia programas locais, integradores e saudáveis para as famílias daquela época.
Hoje, quase 30 anos após essa história ter começado, o terreno não é mais um campinho, nem um espaço onde ocorram atividades públicas, mas o “pequeno grande jornal” persiste com sua vocação para as causas da vizinhança e arredores, consolidado como porta-voz e jornal de bairro mais antigo da Zona Sul de Porto Alegre.
Agradecemos ao nosso leitor e pai de atleta das nossas olimpíadas infantis, Jorge Seadi, pelas fotos de seu arquivo pessoal