No ano de 1974, após concorrer com indústrias paulistas e decoradores estrangeiros, o Artesanato Guarisse foi escolhido para fornecer 800 luminárias e lustres ao Hotel Tropical Manaus. No dia 26 de março de 1976, Arthur Guarisse e Léa Caruso desembarcaram na capital do Amazonas, figurando como o único casal de civis em meio aos governantes militares convidados para a inauguração do hotel da Companhia Tropical de Hotéis da Amazônia – o lugar destinado a receber os objetos utilitários decorativos confeccionados no bairro Tristeza, na capital gaúcha. Pioneiros em desbravar o potencial turístico do país em diversas regiões, a empresa Realtur S/A Hotelaria – à época, ligada à Real S/A Transportes Aéreos – fora inaugurada no ano de 1959. Em 1967, esta empresa foi comprada pela VARIG (Fundação Rubem Berta) e os hotéis passaram a ser administrados pela Companhia Tropical de Hotéis.
É possível afirmar que, desde a década de 1970, a grande expansão do turismo mundial e a abertura de mercados incentivaram a fusão e a expansão de empresas de transporte e hospedagem, que compraram ou organizaram redes de hotéis. No Brasil, a Fundação Ruben Berta (VARIG), ao adquirir o controle das ações da Realtur S/A Hoteleira e constituir a Companhia Tropical de Hotéis da Amazônia, pode ser considerada uma empresa cuja história se misturou à própria história da hotelaria, do turismo e do empreendedorismo no Brasil, e que também contribuiu para evidenciar a identidade cultural regional brasileira, de acordo com o destino dos seus empreendimentos.
Atualmente, a sede do grupo empresarial “Tropical Hotels & Resorts Brasil” é no Rio de Janeiro, com empreendimentos hoteleiros espalhados pelo Norte e Nordeste do país: em Manaus (AM), o Complexo Hoteleiro Manaus que compreende o Tropical Manaus Eco Resort e o Tropical Manaus Business; em João Pessoa (PB), o Tropical Tambaú; e, em Porto Seguro (BA), o Tropical Oceano Praia. O Tropical Manaus Eco Resort possui 61 mil m² de área construída em um total de 400 mil m² de terreno às margens do Rio Negro, na Floresta Amazônica, perto de Manaus (AM) e do encontro das águas dos Rios Negro e Solimões. Ao todo, este imponente hotel na capital amazonense possui 611 quartos e lá trabalham cerca de 530 funcionários (dos quais 150 são sindicalizados, segundo dados do Instituto Observatório Social – IOS). Uma imensa estrutura horizontal construída em estilo arquitetônico colonial integrada à natureza e que, desde o ano de 2010, passou por uma ampla reforma. Mas, as luminárias e os lustres que iluminam o empreendimento desde a sua inauguração na década de 1970 e que foram confeccionados por artesãos gaúchos que trabalhavam no Artesanato Guarisse, ainda estão lá preservados.
Marcia Morales Salis
Moradora do bairro Ipanema, Gestora Cultural e
Delegada pelo RGS no Colegiado Setorial Artesanato do CNPC-MinC
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