Porto Alegre foi fundada ao lado do lago Guaíba, que recebe as águas dos rios Taquari, Jacuí, dos Sinos, Caí e Gravataí, além de inúmeros arroios e riachos. Todos estes cursos d’água passam por regiões povoadas e trazem junto com suas águas muitos resíduos de esgotos domésticos, industriais, orgânicos, além de terras, vegetais e areias provenientes de erosões ribeirinhas.
Nas últimas três enchentes (setembro e novembro de 2023 e maio de 2024), o Guaíba recebeu muita água proveniente de chuvas intensas que assolaram o Rio Grande do Sul. Por este motivo, os resíduos vieram parar no lago de forma multiplicada. E isto significa que o fundo dele está bem mais raso, tornando suas águas mais perigosas para a navegação e facilitando o transbordamento em caso de chuvas abundantes, como as que ocorreram em maio e junho deste ano.
Sabe-se que, durante o crescimento da cidade, desde 1870, foram realizados vários aterros na área Central, na Zona Norte e na Zona Sul. O espaço da cidade cresceu, mas o espaço do lago diminuiu. Foi perceptível que bairros que receberam estes aterros foram os que mais alagaram (Ipanema, Guarujá, Ponta Grossa, Lami, Cidade Baixa, Centro Histórico, Sarandi, Farrapos, Humaitá, São Geraldo, etc). Apesar de terem sido aterrados no passado, continuam sendo as partes mais baixas da cidade e precisam, para sempre, de atenção constante e preventiva do poder público.
O Guaíba, neste momento, está assoreado, pois as areias e demais resíduos que chegaram com a enchente estão depositados em seu leito. A dragagem é uma das alternativas apontadas para evitar novas enchentes e abrir espaço para que os barcos e navios possam levar e trazer produtos que fazem a economia girar.
Toda Porto Alegre precisa olhar para o lindo pôr do sol do Guaíba sem medo de que ele volte a invadir nossas ruas, casas e prédios, destruindo tudo, como aconteceu há poucos meses.