A mulher foi ao mercado de trabalho e o homem precisa trabalhar mais e mais a fim de garantir o sustento da casa. Para algumas famílias, esta ausência gera um grande sentimento de culpa e precisa ser compensada de alguma forma. Os pais simplesmente não conseguem dizer “não” aos filhos e permitem que estes façam o que quiserem.
O resultado deste processo é a perda da autoridade dos pais e a falta de limite dos filhos.
A criança sem limites terá dificuldades de seguir as regras de uma brincadeira ou adequar-se a convivência em grupo, pois sempre deseja ser quem decide. Este comportamento desencadeará a não aceitação pelo outro e o isolamento é inevitável.
A possibilidade da construção de vínculos duradouros e estáveis ao longo da vida pode ser o maior prejuízo para quem não consegue seguir regras. Como não seguir as normas da empresa onde trabalha? É possível tal comportamento? E em uma relação? Como não levar em conta as vontades e desejos do outro? Como conviver com alguém que sempre está tentando permanecer no domínio da situação?
Ao longo da vida, recebemos muitas vezes “não” a algo que queremos. O brinquedo que nosso pai não pode nos dar, o namoro que o outro não quis prosseguir, o emprego que não foi conquistado.
Ensinar regras leva tempo e exige paciência dos pais. Ensinar ao filho o que se espera dele, o que pode ser feito e o que não pode, explicitando as consequências pelos seus atos, contribui para a saúde mental da criança e este sim é um verdadeiro ato de amor.
Andréia Oliveira da Silva
Neuropsicopedagoga