A banda tocava afinada, versões de New Order, The Cure, basicamente anos 80, algumas coisas mais recentes. Daí que esse meu conhecido é “percussionista”, tinha ido ao barzinho com a namorada recente. Ao menos, ele acreditava que fosse.
No palquinho havia um Cajon, hoje em dia é moda, “todo mundo toca Cajon”. E o cara passou o tempo inteiro enchendo o saco, sinalizando pra banda, queria dar uma “pala”, sou “músico” e tal.
Tanto foi, lá pelas tantas chamaram o sujeito no palco. Cochicharam entre eles, meu conhecido balançava a cabeça afirmativamente, decerto como quem diz: “claro, conheço essa música, já toquei inclusive”. E começaram os acordes de Upside Down, mega hit do Jack Johnson.
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro! Em menos de dois minutos, um gaiato gritou lá do fundo: “Saí daí, mala, deixa os cara toca!”. E o bar inteiro vaiou, menos eu e a “namoradinha”, que levantou-se de fininho e partiu, deixou a comanda, nem deu goela ao “percussionista”.
E eu na mesa ao lado, águia velha, só observando e rindo sozinho. Quando ele voltou, encontrou a mesa vazia e veio perguntar a mim:
– Bah! Cadê a mina? Foi no banheiro?
– Ahan. E lá foi ele, o Cajon, atrás dela no banheiro.