70 anos dos jornais de bairro de Porto Alegre (1954 – 2024)

Auge dos jornais de bairro ocorreu na década de 90

Incentivo governamental levou à criação de dezenas de novos veículos em Porto Alegre

Os anos 80 terminaram de forma promissora para os jornais de bairro de Porto Alegre. Além de diversos novos jornais surgindo em todas as regiões da cidade, o jornal Oi!, lançado pelo jornalista Geraldo Canali no bairro Menino Deus, demonstrava na prática que um jornal de bairro poderia ser, ao mesmo tempo, lucrativo e atender com qualidade os anseios da comunidade, motivando empreendedores a lançar mais veículos. O Oi! também conseguiu, nos anos seguintes a sua fundação, uma verdadeira façanha: conquistar cinco prêmios ARI de Jornalismo, concedidos pela Associação Riograndense de Imprensa.

Mas, na época, não esperava-se o que viria a acontecer na década de 90, com a proliferação de jornais de bairro na capital gaúcha. Este fato ocorreu com mais intensidade a partir de 1991, quando a Prefeitura Municipal de Porto Alegre passou a anunciar de forma mais efetiva nos jornais de bairro e segmentados, como forma de incentivar a descentralização da informação. Durante os mais de dez anos em que o Município investiu com mais frequência nestes veículos, ocorreu um aumento significativo no número de publicações. Este estímulo criou condições para que alguns veículos se desenvolvessem e expandissem as tiragens e áreas de circulação, possibilitando que alguns mantivessem a circulação efetiva e sem interrupções por dez anos ou mais, visto que, além da Prefeitura, que era o principal anunciante na época, também contavam com o apoio do comércio local. Por outro lado, gerou uma forte dependência em grande parte dos veículos, que conseguiam circular somente nos meses em que havia anúncio da Prefeitura, interrompendo a circulação quando estes eram suspensos temporariamente.

Conforme pesquisa realizada pela jornalista e doutora em jornalismo Beatriz Dornelles, somente em 1995 foram fundados, pelo menos, 15 novos jornais de bairro, dos quais apenas dois permaneceram em atividade até o final de década. Conforme a estudiosa, nos últimos 16 anos do século 20, período em que os jornais de bairro voltaram a circular em Porto Alegre, foram catalogados 50 novos veículos na cidade. Mas o número deve ter sido maior, pois era comum que alguns jornais deste tipo surgissem e, após, deixassem de circular sem tornarem-se de conhecimento do grande público.

Esse boom dos jornais de bairro nos anos 90 culminou, em 1998, com a criação da Associação dos Jornais de Bairro de Porto Alegre (Ajob/Poa), uma tentativa dos editores destes periódicos de fortalecer o segmento e, ao mesmo tempo, criar regras entre os associados para a melhoria constante da qualidade dos veículos.
Esse boom dos jornais de bairro nos anos 90 culminou, em 1998, com a criação da Associação dos Jornais de Bairro de Porto Alegre (Ajob/Poa), uma tentativa dos editores destes periódicos de fortalecer o segmento e, ao mesmo tempo, criar regras entre os associados para a melhoria constante da qualidade dos veículos.

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